terça-feira, 22 de novembro de 2011

Toda comparação é tosca.

Dos personagens de Shakespeare ", escreve o professor Bradley," Falstaff, Hamlet, Iago, e Cleópatra (nomeá-los na ordem de seus nascimentos) são provavelmente os mais maravilhosos. Destes, mais uma vez, Hamlet e Iago, cujos partos vêm mais próximo juntos, são talvez os mais sutis. Iago tinha sido uma pessoa tão atraente como Hamlet, como muitos milhares de páginas podem ter sido escritas sobre ele, contendo críticas tanto boas e ruins.
Inquirido em diálogo sobre minha peça VERSOS PROFANOS, ouvi uma citação sobre uma ventual semelhança entre Pablito e Iago, personagem da peça OTELLO de William Shakespeare. A princípio acho que toda comparação é mórbida. Não podemos nos encolher em nossa criação com medo do confroto com os fantasmas de Shakespeare, Goethe, Harbini, Moliére e tantos outros imortais. A arte, mesmo eterna, segue a convenção de retratar seu tempo e o contexto social de sua narrativa. Se a intenção do meu interlocutor era elogiar o meu trabalho, sinto-me honrado e até acho um exagero. Se era para minimizar uma eventual qualidade do que escrevi, sinto-me triste e decepcionado. Pois, sendo assim, seria preciso reconhecer um total desconhecimento das obras citadas. Não existe nenhuma semelhança entre Pablito e Iago. Um personagem desenvolve a partir de um conjunto arquetípico e se analisa a partir de sua trajetória (conjunto de ações e objetivos).
Citando outra vez o professor Bradley "O mal não tem nenhum lugar onde foi retratado com maestria, como no personagem de Iago", observa o professor Bradley ainda mais, e ele passa a declarar: "É apenas em Mefistófeles de Goethe que um companheiro adequado para Iago pode ser encontrado Aqui. Há algo da mesma frieza mortal, a alegria mesmo na destruição. "
Portanto meu caro, Pablito é um camleão, enquanto Iago é sombra. Assim Jung descreveu na sua tese da esfera psicóide "em que pese suas diferenças, todas as pessoas são iguais. Elas pensam, fazem e sentem as mesmas coisas e manifestam isso de acordo com as circunstâncias momentâneas de suas vidas. Isso vale também para os personagens que escrevemos e dá muita margem para dialogarmos. Que maravilha que o mundo não é só de política, religião e futebol.

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